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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Kazuo Ishiguro - O Prêmio Nobel de Literatura de 2017


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RIO — A Academia Sueca anunciou nesta quinta-feira o escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro como o ganhador do Nobel de Literatura de 2017. Segundo o anúncio, feito nesta quinta-feira, às 8h (horário de Brasília), Ishiguro recebe o prêmio por "seus romances de grande força emocional, que reveleram o abismo sob nossa sensação ilusória de conexão com o mundo". É o 29º autor de língua inglesa laureado pelo Nobel em toda a história da premiação.
Nascido no Japão, mas radicado na Inglaterra desde os 6 anos de idade, Ishiguro teve recentemente relançado no Brasil o romance "Não me abandone jamais", ficção científica publicada pela Companhia das Letras em 2005 e adaptada para o cinema pelo cineasta inglês Mark Romanek. Finalista do Man Booker Prize, a narrativa acompanha três clones humanos produzidos para doar órgãos. A partir de um triângulo amoroso, fala sobre memória, tempo e desilusão, temas recorrentes em sua obra.
Sua obra mais conhecida no mundo, porém, é "Vestígios do dia", que venceu o Booker Prize e também virou filme, dirigido por James Ivory e estrelado por Anthony Hopkins e Emma Thompson, em 1993. Escrito em apenas quatro semanas, o livro traz as memórias de um velho mordomo, que relembra os anos de trabalhos dedicados a seu patrão, um aristocrata inglês. Refletindo sobre o papel dos mordomos na história britânica, Ishiguro faz uma crônica de costumes que reflete sobre lealdade, sacrifício e felicidade perdida. Veja abaixo as principais obras de Ishiguro.
Por causa de sua origem japonesa e criação inglesa, Ishiguro cresceu sob a influência das duas culturas. Licenciou-se pela Universidade de Kent em 1978 e obteve um mestrado em escrita criativa pela Universidade de East Anglia em 1980. Um de seus desejos, disse ele certa vez, é ser conhecido como um "escritor de romances internacionais".
"Como escritor, eu sinto muita liberdade, lanço mão do que estiver ao meu alcance", afirmou ele, em entrevista ao GLOBO em 2015, na qual ele também falou sobre a relação peculiar de seus livros com a questão da memória.
"Sociedades muitas vezes precisam esquecer de coisas para continuar seguindo em frente", explicou. "Especialmente se um país passa por um período traumático como uma guerra, conflito civil ou ditadura. Não estou dizendo que as pessoas devam esquecer ou se lembrar das coisas necessariamente. Essa é uma questão muito mais complicada, mas existe um movimento no sentido de se omitir para poder sobreviver".



"MISTO DE JANE AUSTEN, KAFKA E PROUST"

"Trocando em miúdos, se você juntar Jane Austen e Franz Kafka, terá Kazuo Ishiguro, mas teria que adicionar também um pouco de Marcel Proust nessa mistura", disse Sara Danius, Secretária Permanente da Academia Sueca, em entrevista coletiva logo após o anúncio do prêmio. "Ao mesmo tempo, ele é um escritor de grande integridade, que desenvolve uma estética só sua".
Perguntada sobre a relação de Ishiguro com o tumultuado mundo atual, Sara Danius disse que o autor se interessa em entender o passado. "Mas ele não é um escritor proustiano, não pretende redimir o passado, e sim em explorar o que é preciso esquecer para sobreviver, como indivíduo e como sociedade".

Diferentemente de 2016, quando consagrou o cantor e compositor Bob Dylan, a Academia Sueca fez neste ano uma escolha consensual, confirmando os boatos de que iria premiar um autor mais canônico.
A Companhia das Letras, que publica as obras de Ishiguro no Brasil, irá reimprimir "Quando éramos órfãos" e "Noturnos" com novas capas e novo projeto gráfico.   (  O Globo )

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5 livros para conhecer Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel de Literatura 2017


Mas, assim como Bob Dylan que foi premiado em 2016, Ishiguro surpreendeu: acabou levando o prêmio de 2017 e as 9 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 3,5 milhões).
Segundo a Academia Sueca, responsável pelo Nobel, Ishiguro recebeu a honraria porque "em seus romances de grande força emocional, revelou o abismo sob nossa sensação ilusória de conexão com o mundo".
Citando Marcel Proust, a secretária-permanente da Academia Sueca, Sara Danius, afirmou: "Ele é um pouco como uma mistura de Jane Austen, comédia de costumes e Franz Kafka. Se você misturar isso um pouco, não muito, você tem a essência de Ishiguro".
Fique por dentro do trabalho do autor (no Brasil publicado pela editora Companhia das Letras):

Os Vestígios do Dia
Neste romance vencedor do Man Booker Prize, de 1989, e estrelado no cinema por Anthony Hopkins, o narrador-protagonista reflete sobre o papel dos mordomos na história da Inglaterra. Depois de trabalhar durante anos na mansão de um lord, ele sai em viagem relembrando momentos da trajetória do ex-patrão, que simpatizava com o nazismo, e rememora suas próprias paixões. 


Não me Abandone Jamais 
Nesta ficção científica sutil e melancólica, Kathy relembra os anos em que viveu em um orfato no qual todos os "alunos" eram clones, produzidos para servir como peças de reposição. Em 2010, a obra ganhou uma adaptação homônima para o cinema, que conta com Carey Mulligan e Andrew Garfield, em um de seus primeiros papeis de destaque. 


Quando Éramos Órfãos
Usando um humor fino, o autor narra a história de um garoto inglês nascido em Xangai à procura de respostas para o sumiço dos pais, que desapareceram quando ele tinha nove anos. Em uma China que vive uma guerra sangrenta com o Japão, Christopher Banks acaba perseguindo também uma ordem para o mundo em que vive. 


O Gigante Enterrado
Uma das justificativas usadas pela comissão do Nobel para a escolha de Ishiguro foi sua capacidade de se reinventar. Evenderedando pelo lado da fantasia e se aproximando de autores como George R. R. Martin e Tolkien, o romance é prova disso. Na história, os personagens precisam lidar com as indefinições do amor e uma misteriosa névoa do esquecimento. 


Norturnos: Histórias de Música e Anoitecer
Afastando-se dos romances, na coleção de contos, Ishiguro se rende a narrativas leves e bem humoradas sonbre instrumentistas e amantes da música, de diversas partes do mundo. E traz histórias como as do saxofonista que decide fazer uma plástica para ganhar mais reconhecimento. 

( Revista Galileu )

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Quem é Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel de literatura de 2017

Depois de Bob Dylan, romancista britânico que começou a publicar na década de 1980 leva prêmio da Academia Sueca

Foto: Toby Melville/Reuters
Ishiguro posa do lado de fora de casa no dia 5 de outubro de 2017, quando seu Nobel foi anunciado
O escritor britânico de ascendência japonesa Kazuo Ishiguro é o 114º vencedor do prêmio Nobel de literatura. A escolha da Academia Sueca, comissão de 18 membros vitalícios responsáveis por eleger anualmente o laureado, foi divulgada na manhã de quinta-feira (5).
Ishiguro, autor de “O Gigante Enterrado” e “Não me Abandone Jamais”, entre outros títulos, não estava entre as apostas mais cotadas – como a canadense Margaret Atwood e o queniano Ngugi Wa Thiong’o – para o prêmio de 2017. 
Ainda assim, o prêmio concedido ao romancista sinaliza um retorno à “normalidade”. Em 2016, o Nobel surpreendeu ao escolher o cantor e compositor americano Bob Dylan para receber o prêmio literário.
Se você misturar Jane Austen e Franz Kafka, tem a síntese de Kazuo Ishiguro. Mas é preciso adicionar um pouco de Marcel Proust. E então misturar, mas não muito, e eis seus escritos. Ao mesmo tempo, ele é um autor de grande integridade. Não se baseia em ninguém, desenvolveu um universo estético todo dele.
Sara Danius
secretária-permanente da Academia Sueca
A comparação feita por Danius entre Ishiguro e Proust não é à toa: os temas memória e esquecimento aparecem em vários de seus livros. O “não-dito” também tem um peso importante. Suas obras-primas e personagens emblemáticos, como o casal de “O Gigante Enterrado”, são permeadas de silêncios. “São personagens através dos quais ele fala e deixa de falar”, disse o editor da Companhia das Letras, Luiz Schwarcz, em entrevista ao Nexo.
Para Schwarcz, seu apelo está em ser sofisticado e se comunicar, ao mesmo tempo, com um público amplo, por meio de uma obra sutil e emotiva. Emotivamente, segundo ele, é difícil passar incólume pela leitura. “Há ótimos escritores que tocam um número mais limitado de pessoas. Ele não é desse tipo. Toca pessoas de várias formações e com treinamento maior ou menor para leituras literárias”, disse.

Ishiguro em trechos

O primeiro livro do escritor, de 1982, é “Uma pálida visão dos montes”, editado no Brasil pela Rocco. Em 2000, passou a ser publicado no país pela Companhia das Letras, pela qual tem atualmente cinco títulos disponíveis em português: “O gigante enterrado”, “Não me abandone jamais”, “Os vestígios do dia”, “Noturnos” e “Quando éramos órfãos”.
“Os Vestígios do Dia”, livro de Ishiguro de 1989, foi vencedor do Prêmio Man Booker do mesmo ano e adaptado para o cinema em 1993. O Man Booker é um prêmio criado em 1968 para a ficção de língua inglesa – um dos mais relevantes para o ano literário. “Não Me Abandone Jamais”, publicado em 2005, também virou filme, com título homônimo, em 2010.
‘Os Vestígios do Dia’ é um sonho de livro: uma comédia de costumes cativante que evolui quase que magicamente para um estudo profundo e doloroso sobre personalidade, classe e cultura.
Lawrence Graver
Em uma crítica publicada no New York Times em 1989
O livro já era considerado um clássico contemporâneo na Inglaterra, segundo o editor da Companhia das Letras, sendo inclusive adotado por escolas. “É um livro que, na Inglaterra, equivale um pouco a ‘Capitães de Areia’ aqui no Brasil. É leitura obrigatória nas escolas e de alguma forma retrata o espírito de um país”.

“Já ouvi pessoas descreverem o momento em que o barco abre as velas, o momento em que finalmente se perde a visão da terra. Imagino que a experiência de inquietação misturada com alegria que sempre  acompanha a descrição desse momento seja muito semelhante ao que senti no Ford, quando a paisagem em torno ficou estranha para mim. (...) Fui dominado pela sensação de que havia realmente deixado Dartington Hall para trás e devo confessar que senti um ligeiro sobressalto — sensação agravada pela desconfiança de que talvez não estivesse na estrada certa, e sim correndo na direção errada, para algum ermo.”
“Os Vestígios do Dia”
Kazuo Ishiguro

“Você teria que procurar muito tempo para encontrar algo parecido com as veredas sinuosas ou os prados tranquilos pelos quais a Inglaterra mais tarde se tornaria célebre. Em vez disso, o que havia eram quilômetros de terra desolada e inculta; por todo lado, trilhas toscas que atravessavam colinas escarpadas ou charnecas áridas. Uma névoa gelada pairava sobre rios e pântanos, muito útil aos ogros que ainda eram nativos daquela terra. As pessoas que moravam ali perto — e pode-se imaginar o grau de desespero que as teria levado a se estabelecer num lugar tão soturno — teriam razão de sobra para temer essas criaturas, cuja respiração ofegante se fazia ouvir muito antes de seus corpos deformados emergirem da neblina. Mas esses monstros não causavam espanto. As pessoas da época os teriam encarado como perigos cotidianos, e naquele tempo havia uma infinidade de outras coisas com que se preocupar”
“O Gigante Enterrado”
Kazuo Ishiguro

“Há também, é claro, o pequeno problema de eu não ser italiano, quanto mais veneziano. Acontece a mesma coisa com aquele tcheco grandão que toca sax alto. As pessoas gostam de nós, os outros músicos precisam de nós, mas não nos encaixamos exatamente no modelo oficial. Toquem e fiquem de boca fechada, só isso, é o que sempre dizem os gerentes dos cafés. Assim os turistas não percebem que vocês não são italianos. Vistam seu terno, ponham seus óculos escuros, penteiem o cabelo para trás, e ninguém vai saber a diferença; só não comecem a falar”
“Noturnos”
Kazuo Ishiguro

Nascido no Japão, o autor se mudou para o Reino Unido com a família quando tinha apenas cinco anos. Por isso escreve em inglês e é considerado britânico. Estudou escrita criativa na Universidade de East Anglia, na Inglaterra. É escritor em tempo integral  desde a publicação de seu primeiro romance.
( nexojornal )

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/10/05/Quem-%C3%A9-Kazuo-Ishiguro-vencedor-do-Nobel-de-literatura-de-2017

© 2017 | Todos os direitos deste material são reservados ao NEXO JORNAL LTDA., conforme a Lei nº 9.610/98. A sua publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia é proibida.
Quem é Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel de literatura de 2017 Juliana Domingos de Lima 05 Out 2017 (atualizado 06/Out 19h39) Depois de Bob Dylan, romancista britânico que começou a publicar na década de 1980 leva prêmio da Academia Sueca

Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2017/10/05/Quem-%C3%A9-Kazuo-Ishiguro-vencedor-do-Nobel-de-literatura-de-2017

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